|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
SAMPoemas
Imprecisas escritas cirúrgicas, sobre uma metrópole muito amada, feitas à mão por Edson Gabriel Garcia, paulistano por decisão. |
|
|
|
|
|
1. GEOGRAFIA
MARCO ZERO
Nos trilhos do metrô
conduzo a linha reta
de minha esperança.
Nada mais importa
a não ser o vazio de você.
Desço.
Desabotôo meu peito
no marco zero da Sé,
cruzamento de todas as saudades,
e me deixo sangrar quase de verdade. |
|
|
|
|
|
LARGO SÃO FRANCISCO
No Largo São Francisco,
justiça e liberdade,
de toga e sandálias,
passeiam à vontade.
São franciscanamente breves e justas,
tão isentas dos crimes humanos,
não perdem tempo com essas gravidades.
Nem com poemas.
Nem com cinemas.
Apenas passeiam.
|
|
|
|
|
|
CIDADEZINHA
Um ônibus lotado
um taxista estressado
um celular clonado
um sinal fechado
uma rua alagada.
Aqui não há roubo de galinhas
porque galinhas não há;
aqui não há conversa de varanda
porque varandas não há;
aqui não há promessas de novenas
porque novenas não há.
Não há.
Então...tá.
“Eta vida besta, meu Deus!” |
|
|
|
|
|
ÀS MARGENS DO IPIRANGA
Às margens do Ipiranga
contemplo séculos de memória,
lições bem ensinadas
na letra do poder oficial.
Às margens do Ipiranga,
uma geografia astuta,
com cara de colegial
sinuosa e escorregadia,
desmente a glória artificial.
Uma peça encardida de museu
me comunica, via e-mail,
uma mensagem reta em linhas tortas:
“assim pensando, meu amigo,
sua história apenas está começando;
afogue os pertences do bolso
que o riacho vai registrando.” |
|
|
|
|
|
INCÓGNITA CENTRAL
ou RODAPÉ DA VIDA
ou NOTÍCIAS DO CENTRO
Zeca,
que morava na escadaria da Catedral da Sé,
sonhava com a Norma,
que rodava bolsa na Praça da República
e pedia pensão ao maluco do Raul,
aquele que vendia bitucas no rodapé da Cracolândia
e que dava a vida por um beijo da Maria Antonia,
que implorava trabalho,
em cartas de baralho,
distribuídas com olhar choroso
no Vale do Anhangabaú.
Pedro Paulo,
que não tinha nada a ver com nenhum deles
e só queria saber dos filmes eróticos
do cinema da famosa Rua Formosa,
tomou um fogo e foi preso por ficar nu
na frente do solene e decadente prédio do Correio. |
|
|
|
|
|
TIETÊ
Águas imundas
tietam sabedorias
e ensinam o tempo
a tecer alegorias.
Uma delas escapa
e emplaca
no vão da espuma opaca:
a vida passa depressa
num fio.
Saborear o sabor do rio
ajuda a esticar o tempo. |
|
|
|
|
|
VIRADA À PAULISTA
A mais feminina
de todos os predicados masculinos:
grande, forte, colossal, imponente,
valente,
começa no embalo do paraíso
e acaba em braços augustos e angelicais,
desdenhando com seu jeito solene
os enormes arranha-céus
que fora do tom e do traço
competem com Deus
pela ocupação do espaço.
Esta paulistana
de quatro costados
de quatrocentões, mansões e muitas razões,
oferece seu leito
e abre seu peito
impávida e democrática
para todos os prazeres,
todos os pés,
todas as raivas,
todas as alegrias,
todas as crenças,
todos os sexos,
todos os protestos.
Uma dona de história
que preservam tombada
tão cheia de brios, eiras e beiras,
uma arquitetura variada
de distraídas linhas retas
e merecidas linhas curvas
que se tocam paralelas
para o bem e para o mal
num orgulhoso cartão postal.
Avenida preferida,
eleita por votos sem coronéis,
não se curva à mediocridade dos painéis.
Velha de estrada,
recapeada pelo charme adolescente,
não aceita adágio
nem se rende a pedágio
e sabe de tudo
dos antigos festivais
aos novos carnavais.
Retrato colorido
em sépia, preto e branco,
faz ofertas de encanto:
a descida da Pamplona,
a subida da Augusta,
o cheiro umedecido do Trianon
- ah! é tão bom! -
a naturalidade juvenil do prédio da Gazeta,
o Conjunto Nacional,
da Casa das Rosas o perfume natural,
o cruzamento da Brigadeiro
e o vão livre do Masp.
E, nesse roteiro,
se mais é pedido,
tanto mais é oferecido:
o olhar mordido de dor
de boletos bancários
que se misturam com bilhetes de amor,
a fome de quem ama
com a raiva de quem deve,
a pressa de quem quer
com a saudade de quem já era,
o sorriso de quem ganhou
com a paciência de quem espera,
o fogo de quem sonha
com as cinzas de quem beijou.
Um virado à paulista
assim é a paulistana avenida,
noite e dia de constâncias
das inconstâncias de todos os brasis.
Uma alma acelerada
que a todos encanta e acalma. |
|
|
|
|
|
HOSPEDARIA DO BRÁS
Nas poucas malas
as histórias ralas
e os sonhos mal desenhados.
Nas roupas discretas
identidades abertas,
retratos e saudades.
Se hospedam no desconhecido
amontoam suas lembranças
estendem suas esperanças
e dormem com os olhos do futuro.
Não têm amores
têm poucas cores,
a voz é rouca
a colher é pouca.
Assinam documentos
estranham o calor
e da língua não sabem o valor.
De passagem pelo Brás,
se encontram num ponto de chegada
cheirando a cebola, alho e lingüiça,
esperando o destino da nova partida.
Libaneses, japoneses,
italianos, carcamanos,
espanhóis, armênios e portugueses
se agarram ao vazio da babel
e pensam estar na porta do inferno.
Mal sabem,
ingênuos sem porto-seguro,
que deus e o diabo assinaram um pacto
para erguer a cidade de Anchieta. |
|
|
|
|
|
VÃO LIVRE
Ali, nos ares do museu,
Monet, Van Goghs e Picassos,
impávidos colossos,
misturam seu suor ancestral
num trianom verdejante
ao silêncio do olhar cultural
de Josés, Marias e Pereiras,
eternos passageiros rasantes.
Uns vão livres
outros param no vão livre;
uns lambem a passagem perdida
e outros mordem um resto de tempo.
E todos tecem muitos sentidos para a vida. |
|
|
|
|
|
MERCADÃO
Barrigas gulosas
Contornam balcões
Oferecendo em vitrais coloridos
Um presente bem merecido
E um futuro mal passado.
O sanduíche preferencial
É um cartão de mortadela
Num fio de bacalhau.
Comensais consumistas
Atravessam a avenida
E põem à venda
Suas razões intimistas.
A fome nunca zera arrotos hipócritas. |
|
|
|
|
|
ESTAÇÃO DA LUZ
Um brilho vitoriano
Acolhe viagens de esperança.
Malas, passos apressados,
E corações ofegantes
Compõem uma sinfonia pouco elegante
Sob a batuta de olhos estrelados.
Pés, pernas, braços e mãos
Se acomodam na orgia sofrida,
No trânsito de idas e vindas,
Metáforas escorregadias da vida.
Não há brilho para toda a gente. |
|
|
|
|
|
2. GRAMÁTICA
GRAMÁTICA
Uma gramática desalmada
sugere que eu seja um sujeito oculto
saio sem sintaxes abestalhado
à procura de mim mesmo
procuro entre santas madalenas e efigênias
nos braços de angélicas e augustas
que no entanto mulheres batutas
me negam o benefício
procuro nas concordâncias
nos pontos finais nas vírgulas
e nas intermitências
mas qual
uma regra geral
me isola na exceção
tento novamente
de olho na semântica
nos versos verbos e na leitura quântica
perdido
recorro ao dicionário cordato
querendo sair do anonimato
sem interrogações e exclamações
apenas uma explicação
clara finita definida e objetiva
mas a gramática despudorada
repleta de interjeições
realça minha ignorância
e em seu mega esplendor
impõe que eu seja sujeito
um sujeito apenas oculto
sem direitos
sem voz veto nem teto
tão só um nome
se tanto e ponto
e pronto! |
|
|
|
|
|
MEMÓRIA
Trilhos do bonde,
paralelos da calma,
as cadeiras na calçada,
olhos presos no cotidiano da alma.
Novelas ao pé do rádio,
sussurros de cumplicidade,
flores na janela,
sonhar que a vida é bela na cidade.
Fina garoa
nos baixos telhados
e curtir assim à toa.
São fotos antigas na parede.
Do alto do Martinelli
contemplações no escuro,
o presente é outra foto antiga
embaçada na memória do futuro. |
|
|
|
|
|
PERTENCIMENTO
Minhas palavras pertencem ao silêncio.
Meus olhos pertencem à ausência.
Minhas mãos pertencem à quietude.
Meu corpo pertence ao pó.
Meus sonhos pertencem ao futebol.
Meu juízo pertence a Deus
e minha razão pertence ao governo.
Eu, por mim, pertenço a ninguém
nem devo coisa nada.
Apenas rastejo uma oferta descarada:
desejos sexuais reprimidos
no garimpo da Praça da República.
Se pertencer bastasse,
viver o momento
seria pleno pertencimento. |
|
|
|
|
|
ENTRE TANTOS OS SANTOS
(Acolhimento)
Entre tantos os santos
(e são tantos!)
São Paulo é o mais acolhedor!
Pretos, brancos, azuis e amarelos
chatos, gordos, esbeltos e magrelos,
vestidos, nus e agasalhados,
falantes, bocudos e desocupados,
anjos caídos, artistas e bandidos,
de Pinheiros a Parelheiros
da São João a Aclimação.
A todos e tantos,
demônios e santos,
empresta seu abraço, seu lar e seu amor.
em ter todos os santos
São Paulo é o mais acolhedor! |
|
|
|
|
|
SABEDORIA
Eu sei
de tudo que não sei.
Minha leitura
estampa no jornal diário
na secção de esportes
da Folha superficial.
Minha escrita
não passa de recados
inspirados na tevê comercial
todos muito surrados.
Meu texto
pouco interessante
mora em silêncios bicudos.
De quase nada eu sei,
disso tudo eu sei.
Minha sabedoria
tropeça pelaí,
enterrada,
encravada feito cruz,
no modorrento jardim
da Estação da Luz. |
|
|
|
|
|
3. ESCULHAMBAÇÕES
TRAMAS
O braço:
trabalho, lida, luta,
rolo, traço, embaraço,
peça, espaço e máquina.
O contrato da cidade.
O desejo:
querer, comprar, buscar,
andar, sofrer,
pensar, saber, desejar,
amar, sorrir, morrer,
respirar, baratear e vingar.
O substrato da cidade.
O beijo:
impávida, bonita,
esbelta, cheirosa,
metafórica, simpática,
querida, medrosa,
feliz, pensativa e curiosa.
O retrato da cidade.
Para além dos substantivos,
para depois dos adjetivos,
muito antes dos verbos,
tudo vive repleto de tramas. |
|
|
|
|
|
A MÃO ARMADA
A mão armada
chegou pela porta do elevador
na esteira de um par de olhos estrebuchados.
Tremia mais do que eu.
Pediu tudo:
carteira, cartão, dinheiro e certidão.
Levou tudo:
saudade, um beijo rasante e o coração.
Só não levou a alma.
Esta, desarmada
e agarrada às estatísticas policiais,
já tinha sido enterrada. |
|
|
|
|
|
COMILANÇA
Acordo sonhando com o bacalhau do Brás.
Será da Móoca ou do Bexiga?
O sanduíche do Mercadão,
atropelado pelo presunto de mortadela,
desloca minhas retinas.
A pizza da Bela Vista,
bela vista, meu patrão,
embrulho para levar
também o chopp da Ipiranga
com a avenida São João.
O sal da carne seca,
seca no sol do Largo Treze,
lambe securas em mim,
desmonta o preconceito
do grill dos jardins.
Do churrasquinho de gato,
foge o gato do parque Dom Pedro,
deixando parado no ar
um grito de independência
que zomba do meu nariz em solvência.
Liberdade, liberdade,
abra as asas sobre nossos pastéis de vento
e sopre minha pele
com saquês e sushis,
ventre livre e sashimis.
Um cafezinho insuspeito
abre ou fecha meu dia
de comilanças ousadas
e me devolve ao sentido da vida. |
|
|
|
|
|
MIUDEZAS
Uma nuvem alva
destranca minha coragem
da primeira hora de trabalho.
Um pão de queijo
com excesso de farinha
vendido no balcão improvisado
me lembra da pressa
Um cheiro de óleo queimado
abre gentilezas
no estribo do busão.
No bolso, o bilhete
que não diz nada
mas abre passagem
com desculpas e sacanagens.
No corredor mal cuidado
a condução lotada
nos aperta, uns aos outros,
a pele, o cheiro, o tato,
uma mistura azeda
sem identidade.
No ponto final
que nunca é terminal
nem nos terminais
uma bandeira trêmula
aberta em sorriso
me avisa:
-Isso é só o começo,
seu moço! |
|
|
|
|
|
4.SENTIMENTOS
SOLIDÃO
No leste da Radial,
por dezenas de quilômetros,
caminho desocupado
agendando os metros de minha solidão.
Não há palavras, vozes ou gestos,
nem sentimentos
que caibam dentro de mim.
Entre milhares de gentes
pareço um enorme buraco
vazio do começo ao fim. |
|
|
|
|
|
OUTDOOR
Vazio, sem brio,
branco e sujo,
um outdoor se oferece,
de graça
de corpo e alma.
Uma boca calma
se vende barato
quase por nada
(em troca de quê ?)
sem eira nem beira,
apenas olha para ela
cidade urgente
e repete ofegante:
-Vem, querida...
vem me amar
que sou teu para sempre!
A cidade respira
e responde:
-Qual! Fica na tua.
Vê que a metrópole
tamanho é meu ego
não pode ser sua! |
|
|
VERSÍCULO NOBRE
Do Parque São Jorge
num passe perfeito
num drible bem dado
soa o brado retumbante:
Corinthians!
Recorrente,
o sentido de tudo se mostra,
quando o grito de gol,
num versículo nobre,
junta rico e pobre,
na alegria da comemoração:
Timão, eeeê! Timão, oooô! |
|
|
|
|
|
NAMORO
Cruzo ruas de veias dilatadas,
passo por janelas anestesiadas,
fumaça de pastéis chorosos,
feiras livres entupindo caminhos,
mas sigo adiante
pela cidade ofegante.
Braços elásticos,
mãos performáticas,
olhos sinceros,
coração fumegante,
sou amante nesse porto.
Acelero, piso fundo,
vou correndo na cachaça,
meu amor me espera,
a cidade me abraça,
meu corpo derrapa,
meu sexo ama,
concretos, ferros e ventos.
Estou presente:
te amo à pampa,
querida Sampa. |
|
|
|
|
|
VERDADE PSICOLÓGICA
A verdade é uma só:
do pó viemos
ao pó voltaremos.
E, do Mac Donald’s, escaparemos! |
|
|
|
|
|
LIBERDADE
Na Liberdade,
um senhor idoso
sorri para mim.
Seus olhos puxados se fecham
numa paz de carmim.
Me oferece um encontro caloroso,
um abraço amoroso,
uma palavra de aviso,
um gesto de sossego.
Prefiro o aconchego
tão cheio de segredos e mistérios
do seu silêncio saudoso. |
|
|
|
|
|
5. CORPOS
INVENÇÃO
Ali, no Anhangabaú,
miolo nervoso das gentes,
centro apressado das mentes,
contemplo a mesmice.
Cruzamento de multidão ignorada,
no buraco que já foi do Ademar
- uma depressão geográfica sem par –
contemplo a burrice.
Suspiro fundo,
olho para o lado ímpar,
aprendendo um jeito novo de respirar.
E me invento.
Ali, no Anhangabaú,
a salvo da solidão,
descubro o prazer da invenção. |
|
|
|
|
|
NOITE PAULISTANA
De noite,
todos os anúncios me chamam,
todos os cheiros são parecidos,
todos os gatos são pardos,
todas as mentiras se amam,
todos os homens são mulheres,
todas as mulheres desejam,
todas as ruas são lugares.
E todos os néons repetem:
-vem buscar-me, à luz da lua,
que ainda sou tua! |
|
|
|
|
|
EPIFANIA
(outro domingo no parque)
São todas caras
(xerocadas):
de pouca história, alegres, de bem, solteiras,
matreiras, felizes e nacionais,
quase não cicatrizadas.
São todas vozes
(dubladas):
repetindo sem dizer
esbaforidas, sorrindo pra não sofrer,
coletivo de palavras de pouco significado.
São todos corpos
(clonados):
mimetizados,
e sem espetáculos
se movem
com grosseiros tentáculos
ácidos e esfomeados.
Circulam no Ibirapuera,
no Carmo, Piqueri e Morumbi,
detonam seus amores
e escondem na semana seus rancores,
consumindo o prazer enlatado
de tudo renovar
em outra manhã de segunda.
E os anjos dizem amém. |
|
|
|
|
|
MEU BEIJO
Meu beijo
tem o combustível do desejo
e um gosto de gasolina queimada.
Meu beijo
tem o volume exato e o peso calculado
de toneladas de concreto.
Meu beijo
tem o sabor da fumaça roqueira
sem risco nem dor.
Meu beijo
tem a delicadeza
dos corpos apressados e suados.
Meu beijo
tem o olhar descuidado
de quem namora
em pontos de terminais
e corredores de hospitais.
Meu beijo
tem o sentido aflito
de intenso congestionamento
no coração da Paulista.
Meu beijo
tem a doçura
de uma lembrança perdida
tão doce na fartura.
Meu beijo
tem o calor
de Moemas e Madalenas
com o esplendor
de Conceições e Marianas.
Meu beijo
meu jeito
meu peito
meu lábio
minha boca
minha língua
meu desejo
Meu beijo habita cavernas e sampas. |
|
|
|
|
|
BOM RETIRO
Desde judeus
e coreanos
estampas, ilusões e panos,
vestindo corpos com beleza cerimonial.
Eis aí um bom retiro espiritual. |
|
|
|
|
|
MOTOBOY
A moto é extensão de seus atos.
Caminhos criados na força,
estende rodas-pés no ronco do motor
nas brechas das avenidas.
A moto é a extensão de sua alma.
Em ruas encardidas
esparrama seu jeito de ser
fazendo da pressa sua amiga na perfeição.
A moto é a extensão do seu corpo.
Em caminhos esburacados
emenda parcerias e porcarias,
chuta e cospe a oposição
ao seu trajeto de velocidade,
o vento na mão
e um vazio no horizonte.
A moto é extensão de sua razão.
Sem pensar, só correr,
sem sonhar, só correr,
no tombo iminente
resta o socorro do inimigo anônimo,
breve e econômico.
O motoboy traduz sem traição
a mais perfeita pressa
da moderna civilização.
O moto boy,
e a moto dói. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|