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1. Relato das "travessuras" pedagógicas com o livro Treze Contos (2013)
Colégio Nacional - Ituiutaba -MG
Relato feito pela coordenadora pedagógica Márcia Helena Silva de Moura
Diário escrito pelo autor do livro e pelos alunos do terceiro ano.
A Literatura tem sido um de nossos instrumentos de apropriação dos mecanismos da linguagem oral e escrita. Por meio da leitura e do contato com as obras literárias, os alunos se encantam com as novas descobertas sobre nosso idioma, se apropriam das características estruturais dos gêneros textuais, escoam as dores, angústias e anseios peculiares à infância, pois se identificam com personagens do próprio imaginário que se aproximam da realidade vivenciada. Então, aprender torna-se uma “brincadeira”, um jogo de faz de conta e a leitura um prazer que os acompanhará por toda a vida.
A Matriz Curricular do 3º Ano do Ensino Fundamental I traz como um dos gêneros textuais a serem trabalhados por meio de sequência didática e/ou projeto, o conto. Por esta razão, eu, Coordenadora Pedagógica, a professora Regina e os alunos do 3º Ano começamos a pesquisar e analisar algumas obras literárias que trouxessem esse gênero para enriquecer o trabalho. Foi quando nos deparamos com o livro TREZE CONTOS, de Edson Gabriel Garcia, com ilustrações de Michele Iacocca, publicado pela Editora Atual. A escolha perfeita, pois a obra literária trazia treze contos de escola, fato motivador para os alunos do 3º Ano e ainda nos instigava a produzirmos o décimo quarto conto. Era um desafio e nós, do Colégio Nacional, não resistimos a um bom desafio.
Adotamos o livro” 13 Contos” e o trabalho em sala de aula começou logo. Apresentação da obra aos alunos, antecipação da leitura por meio do título e das imagens da capa, leitura individual e coletiva, discussão e encenação em sala de aula; análise e reflexão da Língua para apropriação da estrutura do gênero; comparação com contos de outros autores; reescrita de alguns contos da obra, ilustração do conto preferido e muito mais... Até que um dia, em um dos momentos de formação na Unidade do Colégio Nacional em Uberlândia, escolhi um dos contos para fazer a leitura inicial do encontro, como era de costume em todos os encontros. O conto escolhido foi “MÃE, ME CONTA AQUELA...”. Após a leitura, com o objetivo de compartilhar com as demais coordenadoras e também com a formadora Míriam Grilo, nossa amiga querida, o trabalho que estávamos desenvolvendo, fiz o relato da experiência. Para nossa surpresa, Míriam Grilo era amiga do autor e, encantada com o trabalho do 3º ano, se dispôs a contar a ele todas as nossas “travessuras” pedagógicas com o livro Treze Contos. Então, nossos corações se encheram de esperança... Ele iria gostar?! Teria interesse em nos conhecer, quem sabe nos visitar para ver de perto nosso trabalho?!... Nossas expectativas se concretizaram. Edson Gabriel Garcia enviou-nos o primeiro e-mail, o qual encaminhei imediatamente à turma. Quando a professora Regina leu o e-mail, os “olhinhos” da turma brilharam!!! O contato com o autor é algo mágico, transcendental... Fascinante. Respondemos ao e-mail e a partir daí, o autor, carinhosamente, passou a manter contato conosco. Estreitamos nossa amizade e o convidamos para conhecer nossa sala de aula, nossa escola e também a nós mesmos, de pertinho. Ele aceitou nosso convite e mais do que isso... Nos fez uma proposta irrecusável. Construirmos nosso DIÁRIO DE VIAGEM!!! Adoramos a ideia e começamos imediatamente a escrevê-lo. Em alguns momentos, a professora Regina foi a escriba “digital” da turma. Meu papel de coadjuvante era ser a revisora da turma e nossos laços cada vez mais se estreitavam. Falamos de tudo, planejamos cada detalhe da viagem até que chegou o grande dia. Edson veio nos conhecer pessoalmente. Passou um dia em nossa escola, com a turma e vivenciou momentos de muita emoção e encantamento. Foi surpreendido com o DÉCIMO QUARTO CONTO, produzido pela turma. Edson foi presenteado com mimos e iguarias oferecidos pelos alunos e familiares. Além disso, seu nome passou a nomear a sala do 3º Ano, pois em nossa escola, as turmas recebem nomes de grandes autores da literatura brasileira. Os laços de amizade, respeito e gratidão pelo trabalho desenvolvido foram eternizados nos corações das crianças que, aos oito anos de idade escreveram um DIÁRIO DE VIAGEM com o autor da obra adotada. Mais do que um processo de produção escrita, o “diário de viagem” teve a função de garantir um diálogo entre as crianças e o autor que povoava o imaginário infantil. Nele ficaram registrados fatos ocorridos e sentimentos inerentes a esses acontecimentos, como dificuldades, facilidades, dúvidas, surpresas, sonhos, desejos, conquistas, segredos revelados apenas a amigos verdadeiros, confidências coletivas, entre outros. E como todo diário tem uma característica muito pessoal de quem o escreve, e a reação da turma frente a essa atividade proposta, foi muito positiva e prazerosa, uma vez que todos vivenciaram desde o planejamento até a possibilidade de construção da escrita, este tem exatamente a “cara” do 3º Ano Edson Gabriel Garcia. A turma foi além do gênero conto. Apropriaram-se também da estrutura do gênero textual “diário”, de modo prático, verdadeiro e significativo.
Para a professora, uma oportunidade ímpar e repleta de descobertas. Ao planejar as ações junto aos alunos, percebeu em cada criança potencialidades que em outra circunstância poderiam passar despercebidas. Nos momentos de planejamento e intervenção junto à Coordenadora Pedagógica, percebeu a importância do registro para a construção das “memórias” pedagógicas e o quanto a intencionalidade é fundamental para nortear a prática em sala de aula.
Enquanto Coordenadora Pedagógica, foi muito gratificante mediar o trabalho desenvolvido no 3º Ano. Participar dos momentos de planejamento das ações, intervir na prática pedagógica de modo a acrescentar novas estratégias e procedimentos, acompanhar o processo de leitura e produção escrita dos alunos oportunizou-me a tematização da prática para uma intervenção ainda mais eficiente. Além disso, estar em contato com um autor sensível às necessidades das crianças, compromissado com a formação dos alunos e acima de tudo, um amigo extraordinário é como viajar nas asas de um passarinho azul com destino às infinitas possibilidades nos longos caminhos da nossa Língua Portuguesa. Como disse e sempre repete a professora Regina “... foi lindo e mágico! O Edson nos proporcionou momentos de leitura e escrita os quais não esqueceremos jamais!”
DIÁRIO DE VIAGEM
(Uma breve troca de conversas entre o escritor Edson Gabriel Garcia e meninos e meninas do Colégio Nacional de Ituiutaba)
Pois bem... tudo começou quando um dia desses recebi um email de uma amiga que eu não vejo há muito tempo. No email, ela me falava de meninos e meninas, de uma escola da cidade mineira Ituiutaba, que leram o meu livro TREZE CONTOS e que, além de terem gostado do livro, queriam me conhecer. Escrever tem dessas coisas: a gente que escreve nunca sabe onde o livro vai chegar e o que vai acontecer com ele. É sempre uma surpresa. Na maioria das vezes, uma surpresa gostosa.
Dei o sinal verde para minha amiga e ela me apresentou uma pessoinha muito especial chamada Márcia, que é coordenadora pedagógica da escola. Começamos a conversa por email e, sem nos conhecermos pessoalmente, já ficamos amigos. Claro, eu que não sou bobo nem nada, topei logo de cara o convite feito pela escola para eu fosse até Ituiutaba conhecer a cidade, a escola, os educadores e os meninos e meninas, meus leitores. Continuamos conversando por email, enquanto eu já começava a planejar minha viagem. Muitas coisas na vida precisam de planejamento: escrever um livro, fazer uma declaração de amor para alguém, comprar uma casa, fazer uma redação escolar, organizar uma excursão, etc. E claro, uma viagem também exige planejamento. Comecei então a pensar na minha ida a Ituiutaba, e fiz, logo de cara, uma lista das coisas que não podia esquecer. Na lista, que ficou longa demais, fui anotando: pente para os cabelos grisalhos, desodorante sem álcool, remédios de controle de pressão alta, livros para ler na viagem, aparelho de barbear, caneta esferográfica de cor preta, meu caderno de anotações, um quadradinho de pensamento livre, uma terceira mão para autografar os livros, uma caneca cheia de alegria, um objeto que me lembrasse a primavera, um lenço, duas cuecas – opsssss... riscar esse item pois vou e volto no mesmo dia – um tubo com felicidade comprimida, uma latinha de prazer ambulante (não me perguntem o que é isso, pois juro que não sei). Guardei a lista para depois olhar item por item, tirar o desnecessário e incluir coisas faltantes.
Uns dias depois comecei a pensar nos meninos e nas meninas. Como serão eles e elas? Será que são como todos os meus leitores das centenas de escolas que visitei? Será que me perguntarão aquela pergunta que não gosto de responder? E se perguntarem? Devo responder ou devo dizer que não respondo esta pergunta e explicar a razão? Será que a meninada de Ituiutaba é mais curiosa que dos outros lugares? Dizem que os mineiros são carinhosos e desconfiados... mas desconfiarão de mim? Logo de mim?
Bem... daqui a pouco vou dormir. Dormir mesmo. Pois amanhã (amanhã pode ser qualquer dia depois de hoje e hoje é qualquer dia depois de ontem) terei um dia apressado e corrido pela frente. Mas mesmo assim sobrará um tempinho para voltar a pensar na minha viagem bate-e-volta, como se diz na gíria dos viajantes.
Então, meu querido e breve diário, até daqui a pouco.
São Paulo, num dia bonito do mês de setembro.
Neste dia bonito (à tarde) do mês de setembro, nós meninos e meninas; não é assim que você está nos chamando?! Estamos ainda mais ansiosos para te conhecer! Você já sabe como chegou a nossas vidas?!!! Somos pequenos grandes leitores e dentre “bilhões de livros” (fala do Guilherme) imediatamente corrigida por Sofia que nos sugeriu “milhares ou quem sabe milhões”... Escolhemos o seu. O livro Treze Contos. E sabe por quê?!!! Porque queríamos um livro com muitas histórias e não apenas uma. Essa ideia foi da Tainá e do Jorge Henrique que assim como você, quer ser escritor também. Mas as histórias da nossa turma, contaremos aos pouquinhos. .. Temos muitos segredos e nossa sala de aula é cheia de aventuras.
Somos muito carinhosos e desconfiados, sim!...Mas também somos muito curiosos! Talvez por isso, nosso conto preferido foi “O caso do revólver”, exceto a parte “... gente cortando cocô no meio”, que deixou as meninas “meio constrangidas”, segundo a Fernanda, mas os meninos nem tanto, argumentou Otávio em meio às gargalhadas.
Mas sabe de uma coisa?!! Não estamos desconfiando de você não, tá?! Já é nosso amigo e nos amigos, confiamos.
Sabemos que vocês autores são muito ocupados, como nós também somos... Catequese, Inglês, Conservatório, Teatro, Escolinha de Esportes, Escolinha de Dança, as tarefas da Professora Regina ( que é nossa favorita!!), ler, reler os Treze Contos ( que adoramos) ... Ainda temos que brincar, navegar, tomar banho, comer, escovar os dentes ( e isso várias vezes), fazer o “número 1”, o “número 2”, (cá entre nós, é assim que as meninas dizem), dormir... Ufa!!! A gente acha que ainda esqueceu alguma coisa... Agenda sempre cheia. Mas você conseguir um tempinho para nos visitar foi uma surpresa e tanto... Ficamos muito felizes com a notícia! E quando contamos em casa que você viria... Putz grilla!!!! Nossos pais ficaram surpresos e querem conhecer você também.
Estamos preparando (planejando, como você disse) muitas surpresas para a sua chegada! Será bem divertido! Um dia muiiiittto feliz porque esperamos demais por esse momento. Um encontro com um escritor!? Autor do livro que estamos explorando? Sensacional! Não é para qualquer um heim?!!
Adoramos o seu livro “Treze contos”! Não apenas o seu livro, mas você também, pois já o conhecemos. Vimos sua foto no livro, em nossas pesquisas na Internet... Estamos eufóricos para encontrá-lo pessoalmente, aqui na escola. Será um bate-papo muito legal.
E você?! Será que gostará de nos conhecer? Como imagina que somos? Grandes ou pequenos, bonitos ou feios, legais ou chatos, quietos ou bem levados? Perfumados ou com cheirinho de chulé?! E a cor dos nossos cabelos, dos nossos olhos, usamos topete ou não?! Quantos somos, você já sabe? Como imagina que somos?!!
Nossa!! Ouvimos a música (nossa escola não tem sinal... Toca uma música bem legal, “que muda toda semana” – lembrou o Henrique) Vamos para o recreio! É muito bom estudar e brincar! Pois, daqui a pouco a aula termina... E vamos para casa, descansar...Aff!!!
Afinal, amanhã será outro dia, ou seja ,um dia depois de hoje, e um dia antes de depois de amanhã...
Até breve querido Diário...
Abraço...sssssssssssssssssss S2 de todos nós. (Esse é o nosso abraço... Você sabe o que significa?!! )
Ituiutaba, no dia seis de uma bela e calorosa tarde do mês de setembro.
QUERIDO DIÁRIO
Cá estou de volta tentando conversar um pouco com você, com meus novos amigos e novas amigas de Ituiutaba e conversar comigo também.
O fim de semana já se foi. Ficaram para trás o sábado, meu dia preferido da semana, e o domingo. Neste final de semana descansei um pouco e só não gostei do empate do meu time do coração, o Corinthians, com o Náutico, lanterninha do campeonato. Mas... o que fazer!?
Nos finais de semana eu quase não acesso o computador, pois já passo uma boa parte da semana diante da telinha. Só mesmo quando me dá aquela vontade maluca de escrever, quando uma ideia insiste em ficar martelando minha imaginação, então não tem jeito... Fora isso, fujo do computador no final de semana. Prefiro ler. Fiquei pensando na agenda de vocês. Nossa, cruz credo, deus me livre!!! Vocês têm uma agenda mais lotada do que a minha. Só de ler o que vocês escreveram, eu já fiquei cansado. Sobra tempo para ler? Sobra tempo para curtir o pai e a mãe, irmão ou irmã, avô ou avó? Sobra tempo para curtir uma amizade? Ainda bem que sobra tempo para dormir e para brincar. No meu tempo de criança, tempo de muito tempo atrás, eu que fui um menino pobre, bem pobre, só tinha na agenda ir para a escola e depois de fazer as poucas tarefas escolares tinha o tempo todo da vida para brincar, para inventar brinquedos, para curtir a meninada da rua, os meus bichos (tive cavalo, cabrito, cachorro...). Naquela época não existia computador, nem televisão, muito menos celular... Para falar a verdade , devo confessar uma coisa, com um pouquinho de vergonha, eu não lia quando era criança porque na minha casa não tinha nada para ler e nem na escola. Só depois de grande eu fui descobrir o gosto pela leitura. Aí me apaixonei...
Estou curioso para conhecer vocês. Fico imaginando o rosto de vocês, mas isso é loucura... como posso imaginar toda uma classe. Tenho certeza que todos, os meninos e as meninas, são bonitos. Aliás, cá entre nós, acho que todo mundo é bonito. Cada um é bonito do seu jeito. Demorei muito para descobrir isso, pois fui um adolescente que se achava feio e sofri com isso. Hoje, muito tempo depois, descobri que todo mundo é especial do seu jeito. E por falar em gente bonita, um passarinho viajante passou por aqui, veio até a janela da minha sala e me segredou entre pios e bater de asas que a professora Regina é muito legal... e pelo olhar do passarinho, tenho certeza de que ele falou verdade.
O passarinho, esse mesmo que me falou da professora Regina, também me contou uma coisa interessante. Disse que por aí tem uma cocada maravilhosa. Eu duvidei, pois em toda minha vida, eu sempre ouvi dizer que Minas Gerais era o estado campeão de produtos derivados do leite, principalmente o queijo e o doce de leite. Não sei se a gente deve acreditar em tudo que os passarinhos dizem para a gente... O que vocês acham? Às vezes eu acredito mais no bicho-papão que mora no meu guarda-roupa do que nos passarinhos...sei lá!
Estarei fora de São Paulo, minha cidade querida, apesar dos muitos problemas, nos próximos dois dias. Sendo assim, somente voltarei ao nosso diário na quinta-feira. Até lá, vocês terão tempo para me responder.
Antes de terminar essa conversinha de segunda-feira, peço duas informações.
Primeira: quero saber o que as meninas querem dizer com essa história de número 1 e número 2... Até que número vai essa contagem?
Segunda: o que significa a sigla S2 que vocês escrevem depois da palavra abraçosssssssssss?
Até breve, bem breve, brevíssimamente...
Abraços lambuzados de doce de leite moreninho e salpicados de pedacinhos de cocada.
QUERIDO DIÁRIO DE VIAGEM...
Nós, meninos e meninas do 3º ano do Colégio Nacional em Ituiutaba, estamos aqui novamente para um dedinho de prosa com você, nosso novo amigo e escritor.
O nosso fim de semana também foi bom!!!! E por incrível que pareça temos muitas coisas em comum. Sabe que nosso dia da semana favorito também é o sábado! E o time do coração de alguns aqui é o Corinthians. (Guilherme, Iohan, Henrique, Otávio, Lucas Franco, Tainá, Sávio e a professora Regina.) Grande time! Timão!!!!! Os outros colegas são torcedores do outro time: Flamengo (Lucas Alves, Rayane, Fernanda, Maria Luiza, Isabella, Jorge Henrique, Gabriel. E a Sofia torce para a seleção brasileira e nada mais.
Ao contrário de você, nós acessamos bastante o computador nos fins de semana. Mas, também lemos um livro de Literatura que levamos para casa toda sexta-feira. A professora coloca muitos à nossa disposição para que possamos escolher, ou vamos à Midiateca escolher os livros de lá. Enfim, temos muitas opções por aqui, graças a Deus!... E ainda temos os livros em casa, da nossa biblioteca pessoal... Viu só?! Somos mesmo grandes leitores!
Ah! Na segunda-feira recontamos a história do livro que levamos para casa. É muito legal e ficamos loucos para lermos os livros que os colegas leram... Parece que a história que o outro leu é sempre melhor que a nossa... Algumas vezes até desenhamos a parte que mais gostamos. Então são várias histórias por semana!
Diferente de você que quando era criança não teve acesso aos livros. Teria se divertido muito, como nós. Que pena, né! E assim mesmo virou um escritor! “Famoso”. Imagine se tivesse tido a oportunidade que nós temos... Nos dia de hoje, “os tempos são outros” como dizem nossos avôs e avós.
Também estamos, curiosos e curiosas para te conhecer... Somos bonitos sim! E muito inteligentes, pode ter certeza disso! E concordamos com você: “Cada um é bonito do seu jeito”. E o que importa é a beleza interior, que está na simplicidade e sinceridade, fazendo com que cada um seja especial do seu jeito! Nós somos especiais! Como toda criança somos levados e um pouco agitados, “ligados no 220w”, segundo a professora Regina. Mas alguns dizem que é muito mais que isso... (como sempre fala o Otávio e o Lucas Alves também). De vez em quando “passeamos” na sala da Coordenadora Márcia Moura. E chegamos rapidinho porque a sala dela é do ladinho da nossa, tendo apenas os banheiros nos separando. Dessa parte não gostamos... Significa que a coisa está feia para o nosso lado!! Ufa!!! Quando ela levanta os dois braços então... (nosso código) É sinal que estamos conversando mais do que a boca!!! Tia Regina nem quer mais usar o código porque andamos muito conversadores ultimamente. Preferimos quando a Márcia Moura vai à nossa sala. Sempre chega com novidades, como o dia que, junto com a professora Regina, nos contou de você. Por falar na professora, esse passarinho, por acaso tem bola de cristal? Deve ter! Porque ele adivinhou! Ela é legal, muito mais que legal!!! É maravilhoooosa!...(Ela é sensacional, disse a Maria Luiza) e muito modesta, segundo a Sofia. E também brava... Só quando precisa!! Esse passarinho é danado heim?! Sabe até da cocada! Pode acreditar nesse passarinho... Ele sabe das coisas...
Os mineiros são mesmo cheios das coisas boas! É cada coisa gostosa que tem por aqui! Cada doce de leite, de deixar água na boca! E o pão de queijo...Nossa tem ainda a esfirra da Chotika... Hum!!! De dar água na boca. Você nem imagina!! Sem comentários... Tem bolo de milho, e o bolinho de chuva (delicioso) da avó da Sofia. Nossa, parece que estamos ficando com fome...O Henrique quer saber se você gosta de bolo de milho... ou coisa parecida, porque ele adora!
A respeito das informações, você também é curioso, não é?! Nossa!! Até parece a gente!!
Primeira:
A história dos números 1 e 2, sabe o que é? Se prepara: é nojento! Mas, é normal! O número 1 significa ir ao banheiro fazer “xixi” e o número 2 significa fazer “cocô”. Ah! E a contagem?...
Bem, a contagem... Segundo a Sofia e o Otávio e todo mundo concorda, vai até o número 5. Quer saber? O número 3 significa soltar “pum”(gases), o número 4 é “arrotar” e o número 5 “vomitar”. Cada coisa né?! É isso aí.
Segunda:
A sigla S2. Você não sabe o que significa? Não diga!...
Significa “abraços cheios de amor e carinho” (você não enxergou um coração?!! Assim ó: S2) Viu que legal!! E só mandamos para as pessoas que gostamos de verdade... Mais uma ideia mirabolante da Coordenadora Márcia Moura. Ela nos ensina essas coisas e nós ensinamos aos amigos.
Também queremos saber uma coisa de você: Você realmente tem medo de bicho-papão? Tem um dentro do seu armário?!!! Credo! Deus me livre! Você não sabia que bicho-papão é lenda do folclore?! Dá um jeito nesse armário!!! Porque deve estar uma bagunça danada... Pode ser barulho de ratinho e você está confundindo com bicho papão. Ou não?!!!
Até breve, então querido Diário.
Beijos doces! Mais doces que doce de leite moreno salpicados de cocada. E olha que a nossa cocada é boa demais!!!! Demais da conta sô!...
QUERIDO DIÁRIO
Fiquei alguns dias sem passar por aqui, sem saber das novidades. Por uns dias quase me esqueci de você. Ainda bem que quem gosta de escrever (como eu e como a meninada de Ituiutaba), mais cedo ou mais tarde acaba de novo voltando para o teclado ou para as linhas do caderno.
Viajei por outros lugares, diferentes de onde moro. Fui a duas cidades, ambas pequenas, daquelas que têm uma praça no centro da cidade, com coreto e igreja. E todo mundo se conhece pelo nome ou pela família. Isso me lembra da cidade onde nasci, no norte do Estado de São Paulo, quase na divisa com o sul do Estado de Minas Gerais. Por pouco eu não nasci em Minas. Viajei, andei, vi lugares novos, diferentes, bonitos, conheci pessoas diferentes. Fiquei um pouco cansado. Por ora chega de pé na estrada. Preciso sossegar um pouco, descansar, escrever um pouquinho (estou quase acabando um livro de histórias para o pessoal mais velho que vocês).
Terei uma semana corrida pela frente. Começo já na segunda fazendo palestras para quatro turmas numa mesma escola. Depois... Nossa! Depois tenho minha viagem para Ituiutaba. Eu comecei esse diário pensando na viagem e quase me esqueci dela, da minha mala de viagem, da minha lista de coisas que levarei na mala... Xiiiii... que mala que nada! Vou e volto no mesmo dia! Mas preciso me preparar para a viagem, fazer o planejamento (lembram-se da conversa sobre planejamento?). Aposto que vocês também estão planejando o nosso encontro. Acho que vocês estão decidindo coisas como “quem vai receber o Edson?”, “quem vai fazer a primeira pergunta”, “será que podemos perguntar qualquer coisa?”, “será que ele vai precisar de microfone?”, “a professora Regina vai ficar na frente ou no fundo?”. Decidir essas coisas é fazer planejamento. O meu planejamento é mais ou menos como o de vocês. Tenho que tomar decisões como “que horas preciso acordar?”, “devo combinar antes com um taxista para me levar ao aeroporto?”, “levo um livro para ler no aeroporto e no avião?”, “que livro?”, “corto os cabelos antes de viajar ou depois?” , “vou de tênis, sapato ou sandália havaiana?”. Bem... mais pro meio da semana, eu resolvo isso.
Aprendi algumas coisas com vocês: a longa lista dos números (aposto que ela é muito mais longa!), o significado da sigla S2 (muito bem bolado). Vocês são SD+ (gostaram da minha sigla?). Não me perguntem o que significa, pois só vou falar no dia em que estiver por aí. E nem tentem perguntar para aquele passarinho que me visita e sopra algumas informações no meu ouvido, pois ele vive muito longe de vocês. Ele sabe das coisas, de muitas coisas, mas acho que não andará por aí nas próximas semanas. Também não puxem conversa com o bicho-papão que vive no armário que ele não gosta mesmo. Um bobão. Uma vez eu escrevi uma história sobre bicho-papão, mas acho que ele não gostou do que eu escrevi e por isso fica enchendo minha paciência.
Bem, meu querido diário... acho que vou cuidar da vida... quer dizer... mesmo escrevendo e conversando com você e com a meninada do Colégio Nacional, eu estou cuidando da vida. O que eu quis dizer é que tenho outras coisas para fazer e resolver antes que o dia acabe.
Mandem um beijo para a Regina e Márcia. E digam a elas que eu disse que elas também são SD+.
Beijo no coração do diário e um punhado de alegria carinhosa para a meninada do terceiro ano do Colégio Nacional de Ituiutaba.
SAMPA, tarde calorenta de meados de setembro.
QUERIDO DIÁRIO DE VIAGEM
Nesta tarde calorenta de meados de setembro, nós do 3º ano, em Ituiutaba, meninos e meninas estamos aqui novamente, depois de alguns pouquíssimos dias para uma conversa legal com o nosso caro amigo escritor que esteve sumido porque estava viajando por duas cidadezinhas pequenas com praça no centro e coreto no meio. Mas, o que é coreto????
Ituiutaba também não é grande como Sampa, mas não é tão pequena, como essas cidades e a que você nasceu! Aqui tem pessoas legais! E duas praças no meio. Quer um conselho? Como dizem os mais velhos “conselho se fosse bom, não dava, vendia...” Será que é verdade?
Podemos ir ao que interessa... Aconselhamos que descanse muito, porque a sua viagem para Ituiutaba promete! Vamos aproveitar tudo, TIM TIM por TIM TIM... Como já falamos, muitas surpresas nos esperam... E a Fernanda deseja a você uma boa viagem, e todos concordam com ela. A Isabella quer saber se a viagem dessa semana foi proveitosa. Você gostou?
É!! Planejar dá trabalho! Ainda mais planejar o encontro com alguém tão querido! São muitas perguntas... “Será como ele é? Do que mais gosta? E do que menos gosta? O que vamos servir para o lanche? Ele vai lanchar com a gente? O que faremos primeiro? Será que vai dar tudo certo? E muito mais...” E a grande preocupação da Sofia: Será que ele gosta dos bolinhos de chuva da minha avó?!
Estamos aprendendo muitas coisas também! Isso é muito bom, porque a professore Regina disse que é “uma troca de experiências.” E, sobre a lista dos números, ela realmente, é mais longa mesmo...tem até o número 7, mas não vamos te contar tudo porque as meninas não gostam e a professora Regina também!
É uma pena esse passarinho não passar por aqui, pelo menos um pouquinho, ele é tão sabido, que estamos curiosos para conhecê-lo, perguntar algumas coisinhas sobre você. E esse bicho-papão não queremos encontrar com ele não...(alguns como o Jorge Henrique, Otávio, Sofia, Maria Luiza e Rayane até que não acham uma má ideia). Ele parece estar preparado para assustar a qualquer momento... Mas é só o que ele sabe fazer...nessa vida...
Sobre a sigla SD+ não falaremos nada...Psiu...Até o nosso encontro, queremos todos os detalhes...
Teremos uma semana cheia pela frente também, como você, mas vamos descansar bastante, sabe? Na segunda-feira não teremos aula, pois é feriado! E dos mais importantes! Estaremos comemorando o aniversário de Ituiutaba. E por favor não pergunte, quantos anos, porque só contaremos no dia do nosso encontro... E nem pergunte ao passarinho, porque ele não saberá responder... Já que ele é só dessas bandas aí de Sampa...E nem vai passar por aqui nas próximas semanas!
Beijo grande e cheio de alegria no coração desse carinhoso amigo lá de Sampa. Até breve... E um beijão pra você também querido Diário.
QUERIDASSO DIÁRIO
Já sei...ninguém nunca ouviu essa palavra (queridasso). Nem eu. Inventei agora e por isso estou na dúvida se deve ser escrita com SS ou com Ç. Na verdade, todo escritor tem liberdade inventar palavras. Isso se chama liberdade poética. Legal não!? Posso começar agora a inventar uma lista com adjetivos para vocês: gostorentos, gostosudos, amorequentos, saboreiros, amiguentos, amizadeiros... querem mais?
Andei sumido, andando por outros lugares, cidades pequenas com pracinhas e coretos. Vocês não sabem o que é coreto? Coreto é um tipo de palco construído geralmente no meio de uma praça, próprio para apresentações musicais. O nome coreto vem da palavra CORO, grupo de pessoas que cantam. Além de coros e corais, bandas e conjuntos musicais podem se apresentar no coreto. Aqui nos meus lados, em quase toda cidade pequena tem um coreto no meio da praça central.
Mudando de assunto, falando de passarinhos, eu autorizei o passarinho a ir até a escola de vocês para levar um bilhete meu. Dei instruções a ele que pousasse sobre o livro de capa azul da sala da Márcia, aquele mesmo em que ela escreve poesias e não mostra para ninguém. O bilhete, escrito num pedacinho de guardanapo, dá umas dicas a vocês de como eu gostaria de ser recebido. Se vocês não encontrarem o bilhete ou não entenderem o que eu escrevi lá, não tem importância, pois de qualquer jeito que vocês me receberem eu vou adorar. Até porque nós gostamos das mesmas coisas: cocada, bolinho de chuva da avó da Sofia...
Agora que já está pertinho do dia em que conhecerei vocês, eu comecei a fazer umas listas de coisas que não posso esquecer. Comecei pela lista de coisas estranhas, onde consta: um sonho colorido feito papel picado, um caleidoscópio feito somente de folhas secas de árvores perfumadas, asas azuis de passarinhos, um mosquito da dengue morto e embalsamado, um rolinho de esparadrapo, uma tesoura sem porta, um lápis sem grafite, oito sementes de ameixa, um punhadinho de linhaça dourada, dois comprimidos contra dor de barriga, uma broca de dentista. Depois penso nas outras listas. Todas deverão estar escritas até quinta feira à noite para eu poder dormir em paz e acordar com tudo prontinho para bater asas e voar até vocês (voar pelo avião da TAM e não pelas asas do passarinho, coitadinho, que não conseguiria sair do chão se tivesse que carregar os meus bons quilos...).
Viajar é uma coisa muito gostosa. Às vezes a gente viaja sem sair do lugar, coisa que acontece quando lemos um livro, ouvimos uma história ou uma notícia. Até mesmo quando soltamos a imaginação, viajamos livres com o pensamento. Viajar é bom em todos os sentidos. Eu que viajo bastante, me divirto muito conhecendo novas pessoas, novos jeitos de vida, novas comidas, novos costumes. Até o jeito de falar é muito diferente e muda muito de um lugar para outro. Muito legal.
Bem, ainda preciso pensar nas outras listas da viagem. A lista das encomendas fantásticas e perdidas, a lista das perguntas que não gosto de responder, a lista das minhas personagens mais chatas e que ficam me atormentando quando quero dormir à noite, a lista das cores feias, a lista das conversas xaropes de aeroporto, a lista dos meus olhares para a viagem de Uberlândia até Ituiutaba, a lista das perguntas malucas que vou fazer para vocês... Ah! A lista dos meus livros que eu gostaria que vocês lessem. Ufa, chega de lista!
Ufa! Chega também de conversa fiada, pois acho que o queridasso diário deve estar com a paciência no fim. Qualquer hora vou encontrar um recado do diário para mim: “ei Edson, deixe de escrever coisas sem sentido e historinhas pra boi dormir, porque eu não aguento mais!” E aí então eu vou concordar com o diário, passar uma régua, escrever FIM e cuidar da minha vida...até chegar em Ituiutaba!
Beijo e até daqui a pouco.
Sampa, tarde chuvosa e quase frescorenta.
Edson Gabriel Garcia
DIARIM QUERIDIM
Diário é coisa pra gente guardar debaixo de sete chaves, como fazemos com os amigos. No diário a gente escreve coisas que só a gente quer ler. Ler depois e ficar pensando e ficar curtindo e ficar gostosando... E a gente só empresta o diário pras pessoas de quem gostamos muito, que são amigos e amigas do peito. Por isso o diário é uma espécie de segredário ou segrenário: lugar onde nossos segredos podem ficar à vontade. Onde o segredo não é segredo. Aliás, cá entre nós, se tem coisa chata no mundo, isso se chama segredo. Ficar guardado, preso, escondido, apertado no meio do coração, nos olhos fechados, seguro nas mãos. Eu não gostaria de ser segredo de jeito nenhum, nunca nunquinha. Ainda bem que alguém, um dia, inventou o tal diário, que é caderno ou agenda onde escrevemos coisas que guardamos pra nós e onde os segredos podem andar à solta, à vontade. Antigamente, as pessoas escreviam diariamente no diário, daí o nome de diário. Hoje em dia, com todo mundo apressado feito louco, com agenda cheia, as pessoas só conseguem escrever de vez em quando. E os diários de hoje são diferentes dos diários antigos porque neles podemos não só escrever, mas colar coisas, figuras, pequenos objetos, fazer desenhos, derramar perfume...
Então, depois de quase cinco dias sem passear por aqui, me deu uma vontade gostosuda de contar um segredo. Como é segredo só meu e não quero saber de ninguém metendo os olhos por aqui, vou escrever e depois guardar você bem trancadinho, naquele armário bagunçado onde mora o bicho papão. O segredo é o seguinte: vou contar um sonho especial que tive na última sexta-feira, quase madrugada de sábado. Pode parecer maluquice, mas não é. E sonho quando é bem sonhado parece que vira realidade. Como esse.
Eu sonhei que era escritor, desses que gostam muito de escrever e escrever coisas para crianças e jovens. Só isso já é de uma gostosice sem tamanho. Mas sonhei mais. Sonhei que fui convidado pelos alunos de uma escola, um tal Colégio Nacional, para ser entrevistado pelos meninos e pelas meninas do 3º ano. No sonho viajei nas asas de um passarinho. No sonho deu certo, apesar dos meus quase cem quilos. No caminho, o passarinho foi me contando coisas legais dos meninos e das meninas, da escola, da professora deles, de uma personagem loira chamada MM, que parecia gente e às vezes parecia fada, de uma diretora de escola que gostava muito de perfumes, de uma avó que fazia bolinhos de chuva cheios de encantos. Eu, encantado com essas histórias, morrendo de inveja por não ter tantas histórias para contar, segui viagem até a escola. A escola tinha uma escada pra gente entrar, como castelos, quase todos com escadas. Escada sempre é legal (eu adoro escadas). Dentro da escola tinha de tudo, nem parecia mesmo escola. Gente falando, gente cantando, passarinhos, árvores, horizontes, livros, perfumes e sorrisos, muitos sorrisos, todos eles soltos. Os sorrisos me levaram para uma sala simpática onde os meninos e as meninas me esperavam, sentados no chão, para conversar comigo. Juro que me senti importante. Conversamos à vontade. Rimos e inventamos coisas. E depois, como tudo que é bom na vida, fomos para uma festa de comes e bebes, com quitutes deliciosos. Em seguida, eu fui convidado para autografar o livro escrito por mim. Justo eu que nasci em casa pobre, sem livros, filho de pais semianalfabetos. Como poderia ter me tornado um escritor? Só mesmo em sonho! Autografei os livros e me diverti muito com os meninos e as meninas procurando entender o que eu havia escrito com a minha caligrafia feia de sempre. Não me lembro do que escrevi, mas me diverti e tirei muitas fotografias com eles. Espero ter ficado bem na pose. E ó, diarim queridim, pra encerrar tudo com chave de ouro, ganhei uma caixa, ou um baú, ou uma mala, não me recordo bem, cheia de lembranças, de recordações, coisas, objetos e comidinhas lambrecadas de carinho. Acordei no sábado na minha cama, olhei pros lados e não vi caixa, nem baú, nem mala. Doeu um pouco. Levantei-me, lavei o rosto e fui fazer um cafezinho. De passagem pela sala, eu vi de relance, no canto da mesa, uma caixa. Seria a caixa do sonho? Corri, o coração a mil por hora, e abri a caixa. E nela estava tudo o que eu havia visto no sonho: objetos com o nome da escola, cartão de agradecimento, bolinhos de chuva, paçoquinha, doce de leite, cocada, rapadura, bolo de cenoura e chocolate, aguardente, um conto escrito pelos leitores e leitoras...
E aí “caiu a ficha”, como diz a moçada: não fora sonho não. Eu tinha mesmo vivido tudo isso, desse jeito tão bonito e gostoso e carinhoso e cheiroso e amigoso. De um jeito tão especial que chegara a pensar que tivesse sido um sonho. Mas não: era tudo verdade, tudo realidade. Uma realidade tão boa de lembrar que quero transformá-la em segredo e guardar para sempre nas suas páginas, diarim. E guardar para sempre com um título pomposo, majestoso, grandão: “O dia em que o escritor Edson Gabriel Garcia esteve no Colégio Nacional, em Ituiutaba conversando com os leitores do seu livro Treze Contos e ganhou inúmeros presentes e uma homenagem maravilhosa com o seu nome nomeando a classe”.
Depois disso, depois dessa revelação que vira segredo, fecho esse diarim queridim, para guardar essa lembrança especial e bonita para sempre entre os meus segredos preferidos.
Sampa, noitinha de terça-feira, com gosto de cocada na boca.
Edson Gabriel Garcia
MEU QUERIDO DIÁRIO
Oh! Como foi lindo aquele dia!!!!! Pareceu que foi realmente um sonho…Bom mesmo é a gente encontrar um grande amigo. Daqueles para se guardar debaixo de sete chaves, no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não. E nós meninos e meninas, os pequenos grandes leitores do 3º ano do Colégio Nacional, podemos afirmar que encontramos esse amigo.
Diário é amigo de confiança! E tem que ficar guardado, trancando com cadeado, por causa dos segredos, os quais não contamos a ninguém, só para os amigos (ou… nem para os amigos conforme disse a Sofia).
Por isso, vamos contar a você querido diario, só para você! A história do dia em que recebemos a visita de um amigo, escritor que veio lá das bandas de Sampa, nas asas de um passarinho.
Foi tão lindo! E mágico!!!! Não tem como descrever os nossos sentimentos, parece que ficamos anestesiados ou sob o efeito da magia da varinha de condão de alguma fada madrinha.
Nós, meninos e meninas ficamos muito felizes com a presença do nosso querido escritor Edson Gabriel Garcia. Até quero quero lhe contar querido diario o que cada um falou:
O Jorge Henrique disse que:” Foi uma pena porque estava doente e não vim à aula. Fiquei triste, pois eu nunca conheci um escritor na minha vida e eu queria conversar com ele , contar que também vou ser escritor um dia. Aliás, que quero ser escritor e médico! Até já escrevi um livro que se chama: Os Três Porquinhos e o filhote de Lobo. Eu ia mostrar para ele…”
Olha o que disse o Sávio: “Gostei muito do Edson, porque achei ele parecido com o meu pai. Sabia que ele é igualzinho ao meu pai? E que também gosta das mesmas coisas?”
E a Sofia: “Fiquei muito empolgada! Não mais que minha mãe, ela é professora na Universidade federal de Uberlândia (Campus Pontal - FACIP-UFU) Coordenadora no curso de Pedagogia, ou seja, trabalha com professoras e gostaria que todas as suas alunas tivessem a oportunidade de participar de um momento como esse e conhecer um escritor tão bacana!” E mudando um pouco de assunto, o que será que o Edson queria falar com ela em particular? É, ela ficou com essa dúvida…
A Tainá, disse: O Edson é parecido com o meu avô porque, eles falam a mesmas coisas e tem idades parecidas Para começo de conversa ee achei o Edson muito legal e brincalhão” Ela disse também que gostou de posar para uma fotografia com ele.”
O Otávio, achou o Edson muito legal e inteligente! Cheio das ideias e livros publicados. “Ele é especial! Não li outros livros dele, mas estou interessado. Vou ler mais alguns…E seria tão bom se pudéssemos conhecer pessoalmente todos os autores dos livros que lemos.”
A Fernanda, falou: “ Ele é muito simpático! Brincalhão! E divertido! Gostei dele, mas eu acho que ele é bastante curioso, até parece que é mineiro! E ficou bem alegre aqui!”
O Guilherme, quer agradecer a visita de um escritor tão ilustre e especial: “ Obrigado pela presença encantadora em nossa escola! Nós e toda a equipe do Colégio Nacional queremos dizer muito, muito obrigado!”
O Henrique gostou muito do Edson, “Minha mãe ficou admirada com tudo que aconteceu naquele dia, as nossas conversas e perguntas, as apresentações, o carinho do Edson, enfim tudo foi muito legal!”
O Lucas Franco não pode estar presente por motivo particular, ele ficou triste: “Perdi a visita do Edson! E agora? Que pena! Fica para a próxima! Sabe que até a minha família queria conhecê-lo, mas tivemos que viajar.
O Lucas Alves, “Fiquei impressionado, porque foi a primeira vez que e vi um escritor de perto! Ele é muito legal, e nem imaginava que fosse…Com certeza se fosse outro autor não teria sido tão legal com foi com o Edson Gabriel Garcia. Foi um dia muito especial para mim, espero vê-lo de novo.”
E a Maria Luiza falou que “ O Edson é legal, gostei dele, nos contou tantas coisas legais, e fiquei pensando: será que que ele também gostou de nós? Espero que sim! Eu também nunca tinha visto um escritor assim tão de perto, fiquei me sentindo importante conversando com ele.
Nossa e a Rayane, ficou encantada! “ Aquele dia foi super legal! O Edson é o escritor mais legal que eu conheci, na verdade foi também o primeiro que vi assim de perto! Os escritores gostam mesmo de crianças porque ele estava tão bonzinho, ou seja, ele é bonzinho mesmo, brincou com a gente, contou muitas coisa, tirou fotos, até lanchou. Eu nunca vou esquecer aquele dia!
O Iohan é caladinho… mas ele disse: “O Edson é simpático, engraçado e bem brincalhão! Gostei dele também, espero que ele tenha gostado. Ele é primeiro escritor que vi até hoje, se não fosse ele eu nunca teria visto um escritor.
A Isabella continua doentinha , e nem tivemos oportunidade de contar a ela todos os detalhes daquele dia, teremos muito o que contar quando ela retornar. Ela vai ficar triste também de não ter participado de um momento diferente e especial para nós.
O Gabriel não veio à aula hoje, mas ele falou que foi um dia fantástico! Que é bom conhecer um escritor de verdade. É divertido, diferente.
Viu só?! Querido diario! Os meninos e meninas ficaram todos muito entusiasmados com essa visita que receberam. Para eles, encontrar com um escritor foi como se, tivessem sonhado. Foi inesquecível, simplesmente inédito que, quando acordamos vemos que não foi só mais um sonho. Aconteceu de verdade e, não tem como descrever a dimensão da realidade.
Tem mais uma coisa importante, que não podemos esquecer de dizer é que aprendemos um tantão aquele dia, pois, foi uma experência incrível, na qual nós, meninos e meninas, só temos que agradecer. E temos certeza que o nosso 3º ano estará daqui para frente bem representado pelo belo nome que agoracom muita alegria carregamos. E com certeza, foi uma decisão e tanto, porque o nosso amigo escritor merece essa homenagem e muito mais…
Certamente, depois desse dia nós, que já éramos pequenos grandes leitores seremos muito maiores e mais motivados em ler, ler e ler cada vez mais… Graças a um grande amigo que saiu lá de São Paulo nas asas daquele passarinho danadinho e veio até aqui , tão prestativo só para nos conhecer.
Eh, vida boa! Boa e rica em livros eamigos de verdade…
E para encerrar querido diario, estamos torcendo para que nosso amigo escritor, seja muito feliz! Desejamos a ele muita saúde, paz, alegria e grandes ideias para continuar a escrever mais e mais livros para encantar a meninadinha e moçadinha desse mundão de meu Deus..
E até um dia… Quem sabe, voltaremos a nos encontrar!..
Grande beijo, dos meninos e meninas, os pequenos grandes leitores do 3º ano do Colégio Nacional de Ituiutaba, em uma tarde quase chuvosa do último dia do mês de setembro. |
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