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A Os três livros da coleção TANTAS HISTÓRIAS tratam de um tema pouco valorizado, nestes tempos de superficialidades, de relações rápidas, de valorização excessiva do presente: história de vida de cada um e a construção da identidade.
Assim, TANTAS HISTÓRIAS NUMA CAIXA DE SAPATOS é a história da menina que reencontra, perdidas em uma caixa de sapatos, lembranças de sua vida e se emociona com cada guardado, cada lembrança, cada pedacinho de sua história.
TANTAS HISTÓRIAS NO ESCURINHO DA ESCOLA é a aventura deliciosamente diferente em que um garoto, sem sono, não consegue dormir na noite do acantonamento na escola. Enquanto todos os colegas dormem na sala de aula improvisada como dormitório, ele anda pela escola vazia e silenciosa à noite. Até chegar à biblioteca escola e lá descobrir que as personagens dos livros têm vida própria à noite e passam a noite a conversar e discutir os seus problemas, sua vida, sua história. E, nessa noite, ele presencia a discussão do problema da Cinderela, que não suporta o cheiro de abóbora e quer mudar a sua história.
TANTAS HISTÓRIAS DO OUTRO LADO DO ESPELHO é a história do garoto que quer ter os superpoderes dos super-herois, mas descobre, do outro lado do espelho, que também os super-herois têm os seus problemas e suas fraquezas, e que mais importante do que isso é considerar-se uma pessoa única e importar-se com a sua vida.
Trabalhos com qualquer um desses livros permite uma excelente discussão da importância que damos (e que devemos dar) à própria história de vida.
Por se tratar de livros de textos não muito longos, a leitura pode ser feita em classe, um pouco por dia, com os alunos acompanhando em seus livros e explorando oralmente cada parte da história, cada detalhe da ilustração. Sempre vale a pena chamar atenção para os detalhes da ilustração, que muitas vezes significa uma releitura que o ilustrador fez, uma interpretação sua do texto.
Após a leitura e a interpretação do texto, pode-se trabalhar com o suplemento de trabalho que acompanha cada obra. Pode-se, também, realizar um trabalho de encerramento, cada qual com um enfoque diferente.
Tantas Histórias numa Caixa de Sapatos pode ser encerrado com uma exposição de caixas de sapatos individuais, onde cada aluno colocará suas pequenas recordações e lembranças. Claro, não uma simples caixa de sapatos, mas uma especialmente desenhada e criada e ornamentada pelo próprio leitor para essa ocasião. Surpreendentemente todos e todas terão coisas interessantes de sua história para mostrar nessa exposição. A participação dos pais e avós nessa tarefa é fundamental e deve ser estimulada, inclusive com o envio de uma pequena carta explicando o trabalho e solicitando a colaboração.
Eu, como autor do livro, indo às escolas, para ser entrevistado, vi exposições maravilhosas e a meninada com os olhos brilhando por poder falar de sua história de vida. Em minha história de vida, guardo comigo um pequeno tênis cor de rosa, apenas um dos pés, que ganhei de uma garotinha, numa dessas visitas ao Colégio Objetivo da Rua da Paz, em São Paulo. Valentina, esse é o nome dela, aluna da Professora Renata, me deu o pequeno tênis, dizendo que sua mãe havia autorizado ela me dar o pequeno mimo, que guardo até hoje, entre lembranças gostosas e queridas dessas minhas andanças.
Tantas Histórias no Escurinho da Escola pode levar a uma releitura de todos os principais e mais conhecidos contos de fadas. Os leitores poderão visitar a biblioteca de sua escola e fazer um levantamento dos principais contos de fadas ali existentes. Poderão escolher uma história para ler e depois comentar, na perspectiva de imaginar qual o “problema” que a personagem da história lida quer discutir. Daí poderá sair novas histórias ou uma coletânea de histórias recontadas. Um lobo mau que não quer mais perseguir a Chapeuzinho Vermelho; a Branca de Neve que não gosta de nenhum dos príncipes que querem beijá-la; os três porquinhos que estão cansados de fugir do lobo mau, João que quer trocar o pé de feijão por pé de soja, etc...
Tantas Histórias do Outro Lado do Espelho levará a uma boa discussão sobre os tais superpoderes. O que eles representam, o que fazer com eles, como lidar com os poucos poderes que temos. Tudo levando a uma conclusão simples e óbvia: em nosso cotidiano não temos superpoderes e devemos viver com os nossos limites e a nossa possibilidade de superar os limites. Talvez esse nosso poder esteja do “outro lado do espelho”, guardado em algum lugar de nosso ser. Os super-herois, por outro lado, podem ter defeitos, dificuldades. Quais seriam? Pode-se fazer um levantamento dos principais super-herois na vida dos meninos e meninas , por ocasião da leitura do livro, e criar uma pequena antologia com a identidade de cada super-herói, aí incluídas as dificuldades, as limitações e os defeitos de cada super-heroi ou super-heroína.
O importante é, como disse anteriormente, que o professor ou a professora, ao escolher um desses livros para trabalhar com seus alunos, faça uma leitura prévia do livro atenta para explorar suas possibilidades. Qualquer um dos três livros permitirá fazer uma discussão dos temas à luz dos dias atuais, sem se esquecer que estamos lendo livros de literatura e a literatura tem exatamente esse potencial: de permitir o cruzamento de outros olhares. |
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